TWR – O crescimento do “pobreguês”*
[Nota: no original, *“poorgeoisie”, um neologismo proveniente da junção das palavras poor (pobre) e bourgeoisie (burguês)]
O jornalista David Brooks os apelidou de “BoBos”, os “burgueses boêmios”, que criaram um establishment anti-establishment. Eles foram os ambientalistas comedores-de-queijos-finos e proprietários de veículos fora de estrada que lutaram contra a elite, mesmo que eles próprios pertençam a ela.
Eles foram, em resumo, os ricos anti-ricos.
Agora, a imprensa os está chamando de “pobregueses”, empreendedores ricos e executivos que preferem parecer com artistas mortos de fome. Um artigo no jornal inglês The Guardian diz que a crise econômica mundial fez os pobregueses mais comuns do que nunca.
“Eles são ricos e amam gastar dinheiro – mas eles gostam de fingir que eles estão enfrentando momentos difíceis como o resto de nós”, diz o artigo.
“É a última moda, nova desde o Brooklyn até Portland, onde as ruas estão recém pavimentadas com artigos pobregueses. O pobreguês é o rico da contracultura que adotou uma forma de consumismo anti-consumista, uma maneira de gastar para fazer deles mesmos parecidos com quem não gasta. É uma nova onda para os ricos que não querem parecer ricos e querem comprar sua porta de saída da culpa e da vergonha de ter dinheiro num tempo de empobrecimento em massa”
De acordo com o artigo, eles dirigem carros híbridos, têm empregos criativos, e plantam suas próprias verduras.
Eu [Robert Frank], entretanto, não creio que os pobregueses sejam tão novos assim, e nem tão reais. Mesmo antes da atual crise econômica, muitos milionários gostavam de se camuflar como proletários – embarcando nos seus jatinhos particulares de jeans, tênis e camiseta. Eles preferem parecer com líderes intelectuais e artistas criativos do que com outros ricos.
Eles são os caras da Google[foto acima], ou o Richard Branson, ou os gestores de fundos hedge compradores de arte de Greenwich, Connecticut.
“Bobos”, pobregueses, e todos aqueles que fingem ser menos ricos estão entre nós há anos. O que mudou é que muitos deles não precisam mais fingir [nota: piada sutil sobre o empobrecimento dos milionários].
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